domingo, 5 de abril de 2015

Eu, eu mesmo e minha ansiedade


Num mundo com tanta correria e urgência por emprego, profissionalização e felicidade, a ansiedade parece ser a melhor amiga do homem. Queremos que as férias cheguem logo, que os filhos cresçam e sejam menos dependentes, que aquela apresentação em público passe rápido, que a faculdade enfim termine.

Esses pensamentos nos levam ao futuro diretamente, caracterizando nosso estado ansioso. Ansiedade, portanto, é uma pré-ocupação com o que poderá acontecer, e é nesse contexto que tentamos responder as questões: “e se eu não conseguir?”; “e se eles não gostarem de mim?”; “e se eu não passar na prova?”. O “Se” é uma tentativa de adivinhar o futuro e a falta de controle sobre esses acontecimentos pode gerar apreensão, nervosismo, agonia.

Não é raro pensarmos a ansiedade como um estado psicológico prejudicial à saúde. Mas é importante ressaltar aqui que nem todo estado ansioso é negativo ou se remete a um transtorno. Ao contrário, a ansiedade pode ser uma boa aliada no nosso dia a dia.

Como assim aliada? Nossos ancestrais sobreviveram por desenvolverem um estado ansioso (aqui também usado como sinônimo de estresse). Diante de um perigo, o corpo, através de suas manifestações fisiológicas (taquicardia, respiração ofegante, tremor, tensão muscular), preparava o homem para fuga ou para luta. Em poucos segundos ele deveria avaliar o futuro e tomar a melhor decisão, no presente, para se proteger de um animal feroz, por exemplo.




Milhões de anos se passaram e as nossas ameaças hoje são bem diferentes de nossos ancestrais. Hoje nos sentimos em perigo para falar em público, mudar de cidade, ter contato com pessoas desconhecidas, fazer vestibular ou ir para uma entrevista de emprego.  No entanto, a herança fisiológica que carregamos ainda se assemelha àquele tempo: suamos frio, temos taquicardia, tensão muscular, etc., reações que também nos preparam para luta ou fuga. É neste sentido que podemos considerar a ansiedade como aliada ao nosso dia a dia, pois trata-se de uma defesa do organismo.

Então quando é que poderemos dizer que a ansiedade se tornará algo prejudicial? Digo-lhe que entre muitos fatores, a sua interpretação dos sintomas é algo essencial para essa definição. Uma pessoa que não perceba seu estado ansioso como algo que gera sofrimento, não terá sentido para pensar em um tratamento.

Por outro lado, um excesso de ansiedade pode levar algumas pessoas a se paralisarem fisicamente e psicologicamente diante da vida, nesse sentido, podem evitam contato com as pessoas, desistir de enfrentar situações que lhe colocam em desafio, deixar de tomar algumas decisões.  Essas paralisações são consequências de preocupações exagerados com saúde, dinheiro, família ou trabalho; sensação contínua de que algo muito ruim vai acontecer; medo extremo de algo específico (barata, escuro, falar em público); medo exagerado de ser humilhado na frente de outras pessoas; pouco controle sobre pensamentos repetitivos e constantes. Estamos falando nesses casos de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Ansiedade Generalizada e Síndrome do Pânico.


É importante fazer essa diferenciação para que olhar para esses sintomas seja feito com melhor clareza. No próximo texto falaremos um pouco melhor sobre a ansiedade trazendo alguns recursos para trabalhar no tratamento dela. Não deixe de ler!

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