Num mundo com tanta correria e
urgência por emprego, profissionalização e felicidade, a ansiedade parece ser a
melhor amiga do homem. Queremos que as férias cheguem logo, que os filhos
cresçam e sejam menos dependentes, que aquela apresentação em público passe
rápido, que a faculdade enfim termine.
Esses pensamentos nos levam ao
futuro diretamente, caracterizando nosso estado ansioso. Ansiedade, portanto, é
uma pré-ocupação com o que poderá acontecer, e é nesse contexto que tentamos
responder as questões: “e se eu não conseguir?”; “e se eles não gostarem de
mim?”; “e se eu não passar na prova?”. O “Se” é uma tentativa de adivinhar o futuro
e a falta de controle sobre esses acontecimentos pode gerar apreensão,
nervosismo, agonia.
Não é raro pensarmos a ansiedade
como um estado psicológico prejudicial à saúde. Mas é importante ressaltar aqui
que nem todo estado ansioso é negativo ou se remete a um transtorno. Ao
contrário, a ansiedade pode ser uma boa aliada no nosso dia a dia.
Como assim aliada? Nossos
ancestrais sobreviveram por desenvolverem um estado ansioso (aqui também usado
como sinônimo de estresse). Diante de um perigo, o corpo, através de suas
manifestações fisiológicas (taquicardia, respiração ofegante, tremor, tensão
muscular), preparava o homem para fuga ou para luta. Em poucos segundos ele
deveria avaliar o futuro e tomar a melhor decisão, no presente, para se
proteger de um animal feroz, por exemplo.
Milhões de anos se passaram e as
nossas ameaças hoje são bem diferentes de nossos ancestrais. Hoje nos sentimos em
perigo para falar em público, mudar de cidade, ter contato com pessoas
desconhecidas, fazer vestibular ou ir para uma entrevista de emprego. No entanto, a herança fisiológica que
carregamos ainda se assemelha àquele tempo: suamos frio, temos taquicardia,
tensão muscular, etc., reações que também nos preparam para luta ou fuga. É
neste sentido que podemos considerar a ansiedade como aliada ao nosso dia a
dia, pois trata-se de uma defesa do organismo.
Então quando é que poderemos
dizer que a ansiedade se tornará algo prejudicial? Digo-lhe que entre muitos
fatores, a sua interpretação dos sintomas é algo essencial para essa definição.
Uma pessoa que não perceba seu estado ansioso como algo que gera sofrimento,
não terá sentido para pensar em um tratamento.
Por outro lado, um excesso de
ansiedade pode levar algumas pessoas a se paralisarem fisicamente e
psicologicamente diante da vida, nesse sentido, podem evitam contato com as
pessoas, desistir de enfrentar situações que lhe colocam em desafio, deixar de
tomar algumas decisões. Essas
paralisações são consequências de preocupações exagerados com saúde, dinheiro,
família ou trabalho; sensação contínua de que algo muito ruim vai acontecer;
medo extremo de algo específico (barata, escuro, falar em público); medo
exagerado de ser humilhado na frente de outras pessoas; pouco controle sobre
pensamentos repetitivos e constantes. Estamos falando nesses casos de
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Ansiedade Generalizada e
Síndrome do Pânico.
É importante fazer essa
diferenciação para que olhar para esses sintomas seja feito com melhor clareza.
No próximo texto falaremos um pouco melhor sobre a ansiedade trazendo alguns
recursos para trabalhar no tratamento dela. Não deixe de ler!
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