quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Vai deixar para 2015?



Final de ano chegou e podemos nos assustar com o quão corrido foram os 364 dias atrás.

Culturalmente, dezembro tem representado o mês da retrospectiva, mês de fechar o balanço anual das condições financeiras, da qualidade dos relacionamentos amorosos, da intensidade da fé, dos quilos na balança e do quão feliz somos, verdadeiramente, após mais um ano.

Costumo perguntar às pessoas que conheço quais são seus planos para o futuro. É comum eu ouvir: comprar uma casa, comprar um carro, casar, ter filhos, começar uma faculdade...

E logo em seguida eu questiono: você quer comprar uma casa, por quê?
“Para não pagar aluguel”.
 E por que não pagar aluguel?
“Para sobrar mais dinheiro no final do mês”.
E por que você precisa que sobre mais dinheiro no final do mês?
“Para eu fazer as coisas que eu gosto”.
E do que você gosta?
“Ficar perto dos meus amigos, da minha família”
É isso que te faz feliz?
“Sim”.

É pensando em respostas muito semelhantes a essa que eu quero diferenciar felicidade de alegria.

Somos levados a acreditar que as nossas necessidades (especialmente às materiais) devem ser atendidas de forma imediata. Nós estamos sendo criados, pela maneira como a nossa economia e a nossa política se organiza, a acreditar sempre precisamos de mais. Muitos teóricos da psicologia, da filosofia e da sociologia já abordaram esse tema, isso não é uma novidade, o ser humano é movido pela busca da satisfação de seus desejos.  Mas a intensidade e a urgência que isso acontece pode nos fazer desperdiçar o aqui e agora, com aquilo que nos faz feliz.

Trocamos de relógio, compramos roupas novas, queremos viajar e conhecer pessoas novas para ser feliz. Vivemos em busca da felicidade. Mas às vezes confundimos felicidade com alegria. Trocar de relógio e de carro muitas vezes me deixa alegre, mas não me faz feliz plenamente, porque passa muito rápido.  A necessidade de ter um modelo novo de celular é urgente, porque estão sendo oferecidas novas possibilidades o tempo todo.

Será que sabemos responder a pergunta: o que me faz feliz?

É o que eu convido a todos a pensar neste encerramento de ano. O que me fez feliz ao longo de todo esse tempo? Será que até mesmo os momentos de tristeza que eu vivi me dá a oportunidade de ser feliz hoje? O que me faz sentir alegria e o que me faz feliz?

2014 foi fechado para balanço e 2015 está se abrindo para a oportunidade de ser planejado e vivido com amor, com vida. 

Você vai deixar pra ser feliz em 2015?

domingo, 21 de dezembro de 2014

Você me ama? - Uma conversa sobre pedir carinho





Lá em casa meus pais sempre tiveram o hábito de perguntar a mim e minha irmã “você me ama?”, e de vez em quando a brincadeira se estendia num termômetro de sentimento: “quanto?”, sem dar muita margem para a resposta: “muito, ou pouco?”. 

A verdade é que a brincadeira servia para que cada um de nós ouvíssemos de quem queríamos o quanto o amor estava presente naquela relação. 

Hoje eu ainda carrego essas perguntas para outros relacionamentos meus, em busca de garantir a nutrição da minha alma. Afinal de contas, não é só o corpo que se alimenta.

Para além de respostas “sim, claro que eu te amo”, como se dizer isso fosse óbvio e fácil, algumas vezes abraços e beijos vem de brinde e uma verdadeira troca de afetos acontece.

Acredito que estamos precisando pedir mais carinho e amor uns aos outros. Vivemos acreditando que o “óbvio” está claro e, portanto, não precisa ser dito. Mas mesmo o que parece óbvio precisa ser reforçado. Está óbvio para quem?

Ninguém existe sem amor. Nenhuma criança crescerá totalmente saudável se não se sentir amparada, acolhida, amada. Mas não é sempre que o ambiente estará preparado para nos dar amor. É ai que entra nossa autonomia de correr atrás dele.

“Mas não será vergonhoso pedir algo tão íntimo? A iniciativa não tem que partir da outra pessoa? Eu não estou forçando a barra para que me amem e me aceitem? Se eles me amassem de verdade, já teriam falado”.

Nós perdemos muitas oportunidades de dar e receber carinho por medo, vergonha, por adiar o inadiável “depois eu falo”, por não nos sentirmos preparados para desfrutar a intimidade de um relacionamento, por falta de tempo, por não termos aprendido a dar e receber carinho. 

Amar dá trabalho. É preciso se conhecer e estar disponível à mudança. E é preciso aceitar o outro com sua forma de pensar e sentir diferentes de nós. Isso é um exercício eterno.

Muitas vezes só você poderá dizer que está precisando de cafunés, abraços, beijos, bilhetes carinhos, surpresas agradáveis, uma boa hora de conversa.

Portanto, de agora em diante está permitido pedir carinho.

Está permitido dar carinho.

Está permitido receber carinho.

Está permitido viver relações mais próximas, mais saudáveis e mais felizes!