domingo, 13 de abril de 2014

Socorro! Querem me levar num psicólogo!



Imagine uma situação em que você está procurando um objeto em sua casa e não consegue encontrá-lo. Já procurou nos quartos, guarda-roupas, bolsas e em cima dos móveis, em nenhum dos lugares consegue localizá-lo. De repente outra pessoa aparece e vê que o objeto procurado está do lado da televisão na sala de estar, local que você passou pelo menos duas vezes e não o viu. O que acontece?

Essa semana me encaminharam uma pessoa para acolhimento e ao recebê-la, antes mesmo de ter a oportunidade de perguntar seu nome, ela me advertiu: “Olha eu não sou doida, eu não preciso de um psicólogo e posso resolver meus problemas sozinha como sempre fiz”. Surpresa, sorri e respondi: “Que ótimo! É por isso que estou aqui. Quer entrar?”.

O assunto psicoterapia é algo que deixa muitas pessoas de cabelo em pé. Os estigmas sociais que a profissão ainda carrega muitas vezes dizem de crenças distorcidas sobre o papel do psicólogo: “Como vou explicar para os meus amigos que agora eu vou num psicólogo?”; “Psicólogo é coisa de doido”; “Dançar é a melhor terapia que posso ter”; “Pra que pagar um psicólogo? Eu posso te escutar por um preço muito mais barato!”; “Todo psicólogo é meio doido, não é?”.

Bom, nem sempre... A apreensão sentida diante da avaliação de um exame de direção, ou uma prova do vestibular, a tristeza por uma briga com o namorado, a desmotivação com o trabalho, a angústia em escolher uma profissão ou a raiva por um castigo dos pais não são coisas de outro mundo, mas podem impedir a harmonia e o bem estar de uma pessoa, prejudicando outras tomadas de decisão. Acredito que ir ao psicólogo não é a solução para todos os nossos problemas, nem deve ser um procedimento para a vida toda, mas frequentar a psicoterapia pode ser mais produtivo do que algumas pessoas pensam.

O papel do terapeuta é trabalhar a autonomia do sujeito de forma que ele assuma a responsabilidade pelas mudanças que provoca ou quer provocar em sua vida. Nesse processo, o profissional, munido com seus conhecimentos sobre a formação da personalidade, os processos de aprendizagem e as características do desenvolvimento humano, procurará provocar a ampliação do seu olhar sobre uma situação que hoje você não consegue ter clareza por estar imerso em sentimentos que inviabilizam uma visão abrangente do momento.

De maneira similar ao objeto perdido, porem um tanto mais complexa, nos vemos diante de situações em que não conseguimos enxergar aquilo que nos está próximo. Mergulhados em sentimentos de angústia, medo, raiva, vergonha ou culpa somos incapazes de perceber aquilo que está ao nosso redor. Por mais simples que pareça aos olhos de terceiros, provocar mudanças de comportamento não é uma tarefa fácil. Mudar é um processo que exige paciência, tempo, acolhimento e motivação e papel do psicólogo, nesse sentido, é acompanhar essas mudanças, oferecendo ferramentas que possam ampliar os conhecimentos sobre si e sobre o contexto do qual o sujeito está inserido.

Portanto, não se preocupe se alguém falar que você precisa de um psicólogo. Talvez a intenção desta sugestão seja para que você perceba seu momento de um ângulo diferente, amparado por uma pessoa que se formou para ajudar outras pessoas a se tornarem quem elas realmente querem ser.

(Siebert, 2014)

Um comentário:

  1. Um curta animado que mostra o belo e silencioso trabalho dos terapeutas:

    http://www.upsocl.com/salud/un-corto-animado-que-nos-muestra-la-hermosa-y-silenciosa-labor-de-los-terapeutas/

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