Imagine
uma situação em que você está procurando um objeto em sua casa e não consegue
encontrá-lo. Já procurou nos quartos, guarda-roupas, bolsas e em cima dos móveis,
em nenhum dos lugares consegue localizá-lo. De repente outra pessoa aparece e vê
que o objeto procurado está do lado da televisão na sala de estar, local que você
passou pelo menos duas vezes e não o viu. O que acontece?
Essa
semana me encaminharam uma pessoa para acolhimento e ao recebê-la, antes mesmo
de ter a oportunidade de perguntar seu nome, ela me advertiu: “Olha eu não sou
doida, eu não preciso de um psicólogo e posso resolver meus problemas sozinha
como sempre fiz”. Surpresa, sorri e respondi: “Que ótimo! É por isso que estou
aqui. Quer entrar?”.
O
assunto psicoterapia é algo que deixa
muitas pessoas de cabelo em pé. Os estigmas sociais que a profissão ainda
carrega muitas vezes dizem de crenças distorcidas sobre o papel do psicólogo: “Como
vou explicar para os meus amigos que agora eu vou num psicólogo?”; “Psicólogo é
coisa de doido”; “Dançar é a melhor terapia que posso ter”; “Pra que pagar um psicólogo?
Eu posso te escutar por um preço muito mais barato!”; “Todo psicólogo é meio
doido, não é?”.
Bom,
nem sempre... A apreensão sentida diante da avaliação de um exame de direção,
ou uma prova do vestibular, a tristeza por uma briga com o namorado, a desmotivação
com o trabalho, a angústia em escolher uma profissão ou a raiva por um castigo
dos pais não são coisas de outro mundo, mas podem impedir a harmonia e o bem
estar de uma pessoa, prejudicando outras tomadas de decisão. Acredito que ir ao
psicólogo não é a solução para todos os nossos problemas, nem deve ser um procedimento
para a vida toda, mas frequentar a psicoterapia pode ser mais produtivo do que
algumas pessoas pensam.
O
papel do terapeuta é trabalhar a autonomia do sujeito de forma que ele assuma a
responsabilidade pelas mudanças que provoca ou quer provocar em sua vida. Nesse
processo, o profissional, munido com seus conhecimentos sobre a formação da
personalidade, os processos de aprendizagem e as características do
desenvolvimento humano, procurará provocar a ampliação do seu olhar sobre uma situação
que hoje você não consegue ter clareza por estar imerso em sentimentos que
inviabilizam uma visão abrangente do momento.
De maneira
similar ao objeto perdido, porem um tanto mais complexa, nos vemos diante de situações
em que não conseguimos enxergar aquilo que nos está próximo. Mergulhados em
sentimentos de angústia, medo, raiva, vergonha ou culpa somos incapazes de
perceber aquilo que está ao nosso redor. Por mais simples que pareça aos olhos
de terceiros, provocar mudanças de comportamento não é uma tarefa fácil. Mudar é
um processo que exige paciência, tempo, acolhimento e motivação e papel do psicólogo,
nesse sentido, é acompanhar essas mudanças, oferecendo ferramentas que possam
ampliar os conhecimentos sobre si e sobre o contexto do qual o sujeito está
inserido.
(Siebert, 2014)
Um curta animado que mostra o belo e silencioso trabalho dos terapeutas:
ResponderExcluirhttp://www.upsocl.com/salud/un-corto-animado-que-nos-muestra-la-hermosa-y-silenciosa-labor-de-los-terapeutas/