segunda-feira, 7 de abril de 2014

E agora José?

E agora José?

Um mundo de escolhas...

Ao pensar nas escolhas do passado com a cabeça do presente, corremos o risco de negligenciar todo o processo de amadurecimento. Hoje existe um novo eu aqui. Mais velho, mais experiente e, por isso, mais sábio. Ser profeta do acontecido é muito fácil! Os fatos estão dados e a dúvida se extingue, “mas e se eu tivesse escolhido aquele outro sabor?”. Difícil mesmo é lidar com as duras perdas que as escolhas necessariamente trazem.

Essa falta de resposta
 é a que angustia e gera dúvida. E para o “se” que passou, não se tem respostas mais. Talvez o melhor mesmo seja formular outro tipo de pergunta.


Escolher é uma ação constante e exigente. Tomar consciência de si, das mensagens incorporadas desde criança, ter conhecimento das possibilidades, se permitir traçar outro plano de vida é abrir-se para uma nova escolha. Uma nova escolha exigente. Uma nova escolha que exige perdas também, perda daquilo que é seguro, conhecido e confortável. Por outro lado, não se abrir a essa transformação também é escolha, e também implica em perdas. Perda da oportunidade de fazer diferente com todo o conhecimento conquistado até aqui.


É preciso lembrar que assim como escolher, amadurecer também é um processo constante. Na medida em que o tempo passa e as experiências nos presenteiam, vamos nos tornando mais ou menos preparados para reconhecer os recursos que hoje nos faz ser quem somos. Por vezes, tomar decisão parece fácil e tranquilo. Já outras, demandam energia, dúvidas e angústias. É nesse sentido que acredito que escolher também é um ato de coragem. 


Existem maneiras para tornar essas opções mais leves, penso eu. Tornando-nos conscientes de que existem melhores alternativas, para certos momentos, em um dado contexto. Nunca estaremos prontos. Nunca uma escolha é 100% segura, não temos o controle do cosmo. Nunca teremos certeza absoluta das respostas do “E se?”. A vida não é um fluxograma. E esta é a chave da questão. 


Estar consciente de uma escolha é trabalhar com possibilidades, com a realidade que necessariamente é limitante. É também lidar com informações de si e do mundo que ampliam olhar e geram criatividade. É a coragem para duvidar daquilo que dizem ser o melhor para mim, é ter especialmente a coragem de errar e acreditar que refazer escolhas também é possível.


“E agora José?
Você marcha, José!
José, pra onde?”
[Drummond]

(Siebert, 2013)

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