Lá em casa meus pais sempre tiveram o hábito de perguntar a
mim e minha irmã “você me ama?”, e de vez em quando a brincadeira se estendia
num termômetro de sentimento: “quanto?”, sem dar muita margem para a resposta: “muito,
ou pouco?”.
A verdade é que a brincadeira servia para que cada um de nós
ouvíssemos de quem queríamos o quanto o amor estava presente naquela relação.
Hoje eu ainda carrego essas perguntas para outros
relacionamentos meus, em busca de garantir a nutrição da minha alma. Afinal de
contas, não é só o corpo que se alimenta.
Para além de respostas “sim, claro que eu te amo”, como se
dizer isso fosse óbvio e fácil, algumas vezes abraços e beijos vem de brinde e uma
verdadeira troca de afetos acontece.
Acredito que estamos precisando pedir mais carinho e amor
uns aos outros. Vivemos acreditando que o “óbvio” está claro e, portanto, não
precisa ser dito. Mas mesmo o que parece óbvio precisa ser reforçado. Está óbvio
para quem?
Ninguém existe sem amor. Nenhuma criança crescerá totalmente
saudável se não se sentir amparada, acolhida, amada. Mas não é sempre que o
ambiente estará preparado para nos dar amor. É ai que entra nossa autonomia de
correr atrás dele.
“Mas não será
vergonhoso pedir algo tão íntimo? A iniciativa não tem que partir da outra
pessoa? Eu não estou forçando a barra para que me amem e me aceitem? Se eles me
amassem de verdade, já teriam falado”.
Nós perdemos muitas oportunidades de dar e receber carinho
por medo, vergonha, por adiar o inadiável “depois eu falo”, por não nos
sentirmos preparados para desfrutar a intimidade de um relacionamento, por
falta de tempo, por não termos aprendido a dar e receber carinho.
Amar dá trabalho. É preciso se conhecer e estar disponível à
mudança. E é preciso aceitar o outro com sua forma de pensar e sentir
diferentes de nós. Isso é um exercício eterno.
Muitas vezes só você poderá dizer que está precisando de
cafunés, abraços, beijos, bilhetes carinhos, surpresas agradáveis, uma boa hora
de conversa.
Portanto, de agora em diante está permitido pedir carinho.
Está permitido dar
carinho.
Está permitido receber
carinho.
Está permitido viver
relações mais próximas, mais saudáveis e mais felizes!
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