domingo, 21 de dezembro de 2014

Você me ama? - Uma conversa sobre pedir carinho





Lá em casa meus pais sempre tiveram o hábito de perguntar a mim e minha irmã “você me ama?”, e de vez em quando a brincadeira se estendia num termômetro de sentimento: “quanto?”, sem dar muita margem para a resposta: “muito, ou pouco?”. 

A verdade é que a brincadeira servia para que cada um de nós ouvíssemos de quem queríamos o quanto o amor estava presente naquela relação. 

Hoje eu ainda carrego essas perguntas para outros relacionamentos meus, em busca de garantir a nutrição da minha alma. Afinal de contas, não é só o corpo que se alimenta.

Para além de respostas “sim, claro que eu te amo”, como se dizer isso fosse óbvio e fácil, algumas vezes abraços e beijos vem de brinde e uma verdadeira troca de afetos acontece.

Acredito que estamos precisando pedir mais carinho e amor uns aos outros. Vivemos acreditando que o “óbvio” está claro e, portanto, não precisa ser dito. Mas mesmo o que parece óbvio precisa ser reforçado. Está óbvio para quem?

Ninguém existe sem amor. Nenhuma criança crescerá totalmente saudável se não se sentir amparada, acolhida, amada. Mas não é sempre que o ambiente estará preparado para nos dar amor. É ai que entra nossa autonomia de correr atrás dele.

“Mas não será vergonhoso pedir algo tão íntimo? A iniciativa não tem que partir da outra pessoa? Eu não estou forçando a barra para que me amem e me aceitem? Se eles me amassem de verdade, já teriam falado”.

Nós perdemos muitas oportunidades de dar e receber carinho por medo, vergonha, por adiar o inadiável “depois eu falo”, por não nos sentirmos preparados para desfrutar a intimidade de um relacionamento, por falta de tempo, por não termos aprendido a dar e receber carinho. 

Amar dá trabalho. É preciso se conhecer e estar disponível à mudança. E é preciso aceitar o outro com sua forma de pensar e sentir diferentes de nós. Isso é um exercício eterno.

Muitas vezes só você poderá dizer que está precisando de cafunés, abraços, beijos, bilhetes carinhos, surpresas agradáveis, uma boa hora de conversa.

Portanto, de agora em diante está permitido pedir carinho.

Está permitido dar carinho.

Está permitido receber carinho.

Está permitido viver relações mais próximas, mais saudáveis e mais felizes!

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